
As assimetrias acentuadas entre interior e litoral
Assiste-se hoje a uma mudança das políticas regionais, a qual é fruto, por um lado, da globalização e da entrada no mercado mundial de novos países com capacidades humanas relevantes e baixos custos do trabalho e, por outro lado, das dificuldades orçamentais que atingem vários países desenvolvidos, nomeadamente da União Europeia.
Deste modo, durante décadas as políticas regionais assentaram no modelo da igualdade que influenciou políticas assistencialistas que visavam promover níveis mínimos de acesso dos cidadãos ao bem-estar, independentemente do local da sua residência, e previam que a instalação nos espaços menos desenvolvidos de diversos tipos de facilidades urbanas e com acessibilidades constituía um factor de valorização capaz de servir para atrair actividades produtivas.
No entanto, a experiência veio revelar que, embora fosse condição necessária, essas acessibilidades não eram suficientes, pelo que na generalidade dos casos as desigualdades territoriais no domínio das actividades produtivas não se reduziram, pelo menos ao nível que se desejava, que era o de os territórios menos desenvolvidos adquirirem sustentabilidade de mercado, libertando-se da dependência dos fundos públicos e mantendo o seu potencial de mão-de-obra.
Nas condições actuais de competição intensa entre economias, que o futuro deverá acentuar, o modelo da política regional tem vindo a deslocar-se para o eixo da competitividade. Nesta nova perspectiva o território constitui uma dimensão da própria competitividade e a solidariedade entre territórios só tem sustentabilidade se for geradora de competitividade para os territórios menos desenvolvidos, não apenas em termos dos factores materiais (dotação de bens públicos), mas especialmente em termos da valorização de recursos humanos e da geração de iniciativas empresariais com possibilidades de sucesso em mercado aberto.
Apesar de todos os esforços desenvolvidos para fixar as populações no interior, no que diz respeito às assimetrias populacionais, nota-se uma grande concentração de jovens nas grandes cidades, devido exactamente às oportunidades de emprego e trabalho que existem, bem como o desenvolvimento sustentado das infra-estruturas urbanas muito mais apelativas.
Tal como está patente no texto de apoio que foi facultado, a população no interior do país encontra-se envelhecida, necessitando de outro tipo de cuidados que, no passado, não existiam, dando lugar a que começassem a surgir respostas sociais quer da parte da Segurança Social, quer através da Santa Casa da Misericórdia, que se tornaram entidades responsáveis pela contratação de muita população, (especialmente mulheres) para assegurar este tipo de serviços. Outra face bastante visível desta nova realidade é o aparecimento de numerosas Instituições de Solidariedade Social, em que a maior parte dos colaboradores são voluntários, e prestam assistência domiciliária aos idosos e pessoas necessitadas.
Estas têm uma acção fundamental pois levam o apoio e o carinho àqueles que se encontram sós, fazendo a “ponte” entre eles e o próprio Estado nas situações de maior carência.
A nível pessoal, como “imigrante” recentemente chegada da grande cidade, para uma zona que, à partida sempre ouvi falar de “subdesenvolvida” noto que a realidade é completamente diferente daquela que esperava encontrar. Embora o facto de existir realmente uma população muito envelhecida e em número cada vez menor, os cuidados de saúde, de assistência aos idosos, estão organizados de uma forma muito mais satisfatória do que na grande cidade, e relevo ainda o factor “solidão”, que, no caso da zona a que me refiro, não é o mesmo como o que existe nos grandes centros. Existe uma comunidade de vizinhos que se ajuda e está presente sempre que necessário.
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